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O acidente com a Deepwater Horizon e o avanço da mancha de óleo: Outro Exxon Valdez?

O vazamento diário de petróleo no Golfo do México, originado pelo naufrágio da plataforma Deepwater Horizon (em operação da BP que alugava a plataforma por US$ 533 mil ao dia à proprietária Transocean), está em 5.000 barris de óleo por dia. No início estimava-se em 1.000 barris.

O navio Exxon Valdez derramou 250.000 barris de petróleo no Alasca. Para isso acontecer, o que definitivamente ninguém quer, o vazamento observado no Golfo do México (próximo a Lousiana – EUA) terá que se repetir por 50 dias.

A BP vinha tentando, apoiada por toda a tecnologia existente hoje, através de um submarino (ROV – Remotely Operated Vehicle, que está mais para um robô que um submarino) selar o poço, fato que – se fosse possível – resolveria o problema em questão de dias. Em paralelo o processo na superfície de controlar e usar dispersantes químicos reduziria o impacto ambiental do vazamento.

No entanto, nos parece que não foi possível selar o poço através do submarino. Isso pode ocorrer pela excessiva pressão interna do poço localizado a 1.500 metros de profundidade. Qual a solução? A BP terá que fazer outro furo atingir a mesma reserva de petróleo, e assim ao retirar óleo por outro canal aliviar a pressão. Permitindo então selar o furo através do submarino. O problema é que todo este processo demora muito!  Exatamente por isso a BP já anunciou que demorará 3 meses para estancar o vazamento. E assim, muito infelizmente, poderemos ter um novo recorde desagradável nos EUA.

No entanto, percebemos que lições do passado com o triste acidente do Exxon Valdez foram aprendidas. O governo Barack Obama está empenhado em auxiliar na solução. E a BP está gastando muito dinheiro e agindo muito rápido – com toda tecnologia possível – para mitigar os danos. No Alasca com a Esso (no caso do navio Exxon Valdez) não houve isso, ao contrário demoraram muito para agir e tentaram discutir as responsabilidades internamente com a Alyeska (pool concessionário da exploração do oleoduto no Alasca). No caso atual do acidente com a Deepwater Horizon, o CEO da BP (British Petroleum) mostrou pró-atividade ao dar uma entrevista à Reuters, Tony Hayward disse que a BP vai assumir toda a responsabilidade e compensar todos os danos causados, além de não medir esforços para sanar o mais rápido possível o vazamento.

O mercado segurador mundial estima que os prejuízos – contabilizando inúmeras coberturas e apólices – atinjam entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões. Para se ter uma idéia, o acidente com a plataforma Piper Alpha (Mar do Norte) em 1988, matando 167 pessoas, custou US$3.6 bilhões ao mercado segurador.

A Transocean possui uma apólice de US$10 milhões por ocorrência para acidentes pessoais afetando a sua tripulação (funcionários da própria Transocean operando a plataforma Deepwater Horizon). A empresa também possui na mesma apólice cobertura de outros US$5 milhões para cobrir danos a terceiros (funcionários da BP e outras terceirizadas que trabalhassem na plataforma Deepwater Horizon). 11 funcionários estão pressumidamente mortos e 17 feridos, sendo que destes 3 estão em estado grave.

A Transocean ainda possui cobertura de até US$ 950 milhões para qualquer dano a terceiros. Lembrando aqui que multas por danos ambientais não são cobertos em nenhuma apólice de seguro no planeta. Mas há cobertura, por exemplo, para a indústria pesqueira da Louisiana que está estimado em US$ 2,5 bilhões, e para o turismo na Flórida estimado em US$ 3 bilhões.

Ou seja, no que diz respeito a danos a terceiros, muito provavelmente a Transocean, a BP e outros envolvidos tenham que arcar com parte excedente dos prejuízos.  É importante lembrar que a BP é dona de 65% do poço, enquanto a Anadarko Petroleum Corp. possui outros 25%.

Já o dano material, coberto pela apólice de riscos de petróleo da Transocean, está segurado em US$ 560 milhões, embora estima-se que o valor atual de reposição de uma plataforma idêntica esteja em US$ 700 milhões.

A Partner Re já anunciou US$ 60 a US$ 70 milhões em perdas com a Deepwater Horizon, a Hannover Re anunciou perdas de US$ 53 milhões com o acidente, a exposição da Munich Re é de US$ 100 milhões, entre outras inúmeras seguradoras que completam a colocação destes seguros no mercado.

Quanto custa um acidente? Essa é a pergunta que todo gerente de riscos pretende responder para justificar aos gestores investimentos em proteção. Neste caso da Deepwater Horizon, e apenas citando a BP (sem mencionar os custos à Transocean), analistas de mercado estimam que custe à BP US$ 10 bilhões em capitalização da empresa no mercado financeiro. As ações da BP cairam 13% desde o acidente, representando US$ 20 bilhões, mas as ações deverão voltar a subir após a solução recuperando em parte esse custo. Enfim estimam o custo de US$ 10 bilhões para este acidente ! É muito dinheiro.

BP Transocean Deepwater horizon

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Acidente com Plataforma de Petróleo Deepwater Horizon pode assumir grandes proporções

A Plataforma Deepwater Horizon, de propriedade da Transocean e que operava para BP (UK), explodiu de causa ainda desconhecida no dia 20 de abril de 2010. E após um grande incêndio acabou afundando no Golfo do México, no dia 22 de abril de 2010.

11 pessoas continuam desaparecidas. Após explosão e incêndio da plataforma, muitos funcionários para se salvar pularam ao mar de uma altura de 30 metros. Obviamente muitos ficaram feridos.

A Plataforma Deepwater Horizon foi construída em 2001 pela Hyundai, a obra custou US 350 milhões. Trata-se de uma plataforma semi-submersível de posicionamento por GPS de 5a geração. A Deepwater Horizon era uma plataforma de perfuração, projetada para operar em até 2.400 metros de profundidade, e afundou operando a apenas 1.500.

A Deepwater Horizon, segundo matérias na CNN, explodiu durante a fase de se concretar o furo (perfuração) na qual há elevado risco de blow-out, que é a perda de controle do poço pelo aumento súbito da pressão. Especula-se que este tenha sido o motivo da explosão, embora isso ainda dependa da investigação. O episódio do Golfo do México (mar da Louisiana – EUA) lembra o acidente com a P-36 da Petrobras, ocorrido em 2001. E mostra o perigo da operação petrolífera.

A americana Transocean, empresa resultado da fusão com a francesa Sedco-Forex, e que havia comprado a Falcon Drilling, contrata seguros patrimoniais para sua frota. Já a BP (British Petroleum) é self-insured, ou seja, banca o próprio risco, pois com o dinheiro gasto em seguros para cobrir todos seus ativos no planeta, daria para construir uma refinaria por ano.

A plataforma da Transocean, Deepwater Horizon, estava segurada por US 560 milhões. A liderança do resseguro está em Londres, onde há participação de quase todo mercado ressegurador.

A investigação da Deepwater Horizon depende de um submarino que, neste momento, tem como prioridade selar o poço de onde ainda percebe-se vazamento. As questões a serem respondidas por essa investigação passam por: Porque o BOP (Blow Out Preventer), que são válvulas que se fecham pelo comando do operador (Driller) ao sinal de pressão e fluxo exagerado, não segurou a erupção – “Kick”? Será que o BOP foi acionado pelo Driller? Será que o alarme de aumento de pressão funcionou alertando o operador do perigo? Nessa operação, conforme relatos coletados pela imprensa, também especula-se que eles possam ter atingido um bolsão de óleo desconhecido e não planejado quando dos estudos sísmicos.

Matéria do New York Times lembra que desde 2006 houve 500 incêndios em plataformas de diversas companhias petrolíferas operando no Golfo. Em gerenciamento de riscos sabemos que os incidentes constroem o caminho que leva ao acidente. No Golfo do México ainda tivemos, nos últimos 4 anos, 2 mortos e 12 feridos graves.

No entanto, o acidente com a Deepwater Horizon da Transocean não reduzirá ritmo de produção no Golfo do México. Conforme de depreende das entrevistas das empresas Statoil e Shell ao New York Times. Quase 10% da produção de petróleo mundial é off-shore. E 1/3 da produção dos EUA vem do Golfo do México, alcançando 1,6 milhão de barris por dia.

A BP está usando um submarino robô para tentar fechar válvulas no poço e acabar com o vazamento, mas a tarefa é extremamente complexa e pode não ser bem sucedida, disseram fontes da BP à agência de notícias Reuters. Ocorreu que os Riser´s – dutos que ligavam a plataforma ao poço – arrebentaram quando do afundamento da plataforma e aproximadamente 1.000 barris estariam sendo lançados ao mar por dia. Outra saída para se reduzir o vazamento será explorar o poço através de outra plataforma, aliviando a pressão e reduzindo assim o vazamento.

Para este trabalho a empresa também acionou outros 30 navios e vários aviões para espalhar agentes dispersantes sobre a mancha de óleo, os esforços haviam sido suspensos no fim de semana por causa do mau tempo com ondas de 3 metros e ventos fortes. Ainda assim, até o sábado (24), a equipe que trabalha na recuperação já havia lançado 7.190 litros (1,900 galões) de dispersantes químicos para quebrar o óleo e impedir maiores danos ao ecosistema.

Apesar de tudo isso, no dia 28 de abril, novos vazamentos foram descobertos. E dessa vez estima-se que 5 mil barris de petróleo estejam vazando por dia no oceano. Fato que tornaria este acidente o maior da história dos EUA, superando o triste recorde do Exxon Valdez no Alaska.

deepwater horizon incendio