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Com 10% do que está orçado para o Porto Maravilha administramos áreas de risco em toda a cidade

Estamos completando 2 anos da maior tregédia natural do Brasil. As chuvas da região serrana do Rio de Janeiro. E isso me fez repensar que muitas dessas tragédias são repetidas todos os anos em diferentes partes do país, por isso são tragédias anunciadas. Ampliadas pelo descaso, pelas escolhas e prioridades traçadas pelos Prefeitos ou Governadores do Estado. No Rio de Janeiro, por exemplo, eu sou a favor da obra do Porto Maravilha, uma obra espetacular que vai revitalizar o centro da cidade. No entanto, se não temos dinheiro para fazer todas as obras que queremos e precisamos, qual delas vamos priorizar? Será que o Porto Maravilha é mais importante para o carioca do que cuidar de deslizamentos em encostas, enchentes e alagamentos ?

As obras do Porto Maravilha na Cidade do Rio de Janeiro estão orçadas em R$ 3 bilhões, conforme se depreende das apresentações da Prefeitura e das matérias jornalísticas sobre o tema. Só a desapropriação do Bar Porreta, próximo à Rodoviária Novo Rio, para dar lugar à projetada Avenida do Binário, custou (na justiça) R$ 1,4 milhão aos cofres públicos! Imagina desapropriar toda a região, bem como custear as obras.

O orçamento inicial de R$ 3 bilhões para o projeto do Porto Maravilha, se seguir o histórico de obras públicas que nós conhecemos, pode estourar! Aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, a Cidade da Música foi orçada em R$ 80 milhões e terminou custando R$ 518 milhões à prefeitura e mudou o nome para Cidade das Artes. Outro exemplo foi o Estádio João Havelange, o Engenhão, que estava orçado pela prefeitura em R$ 60 milhões e acabou construído por R$ 380 milhões.

Ainda que imaginemos que o orçamento esteja rigorosamente perfeito e sua execução não perceba desvios de planejamento, com 10% de R$ 3 bilhões teremos R$ 300 milhões. Segundo a ALERJ – Assembléia Legislativa Estadual do Rio de Janeiro – reproduzindo informações do secretário de Estado de Defesa Civil, Coronel Sérgio Simões, o Sistema de Alarmes contra Desastres custou R$ 4 milhões para ser implantado em 42 comunidades da região serrana do Rio, composto por 84 sirenes. Ou seja, R$ 4 milhões / 42 comunidades, temos que aproximadamente R$ 95 mil por comunidade ou área de risco. Finalizando o raciocínio inicial, com 10% do custo do Porto Maravilha, R$ 300 milhões, poderíamos pagar 117  (o número que a Prefeitura alega ter de áreas de risco na cidade)  Sistemas de Alarmes contra Desastres e ainda sobrariam aproximadamente R$ 289 milhões que é mais que o dobro dos R$ 114 milhões de ORÇAMENTO ANUAL da GEORIO para fazer obras de contenção na cidade !  A GEO-RIO, por exemplo, em 2010 – após as chuvas de 6/abril/2010 – executou 380 frentes de serviços em encostas e áreas de risco, que nos custaram R$ 145 milhões.

Enfim, repito, baseando-se apenas nas compras e gastos da própria prefeitura e governo estadual é possível afirmar que, com apenas 10% do custo do Porto Maravilha pagaríamos Sistemas de Alerta contra Desastres e Postos avançados de Defesa Civil em todas as áreas de risco cariocas, e ainda sobrariam recursos para aproximadamente 760 obras da GEO-RIO em encostas!

Outro exemplo está na enorme obra, que ainda é um projeto, e que resolveria o problema dos alagamentos constantes e antigos da Bacia Hidrográfica do Canal do Mangue. A obra toda contempla o desvio do Rio Joana, criação de piscinões na Grande Tijuca, canalização do Rio Trapicheiro, etc. e custará R$ 292 milhões (também menos de 10% do custo do Porto Maravilha). Resolvendo inclusive o antigo problema de alagamentos na Praça da Bandeira.  Até agora, deste projeto, só foi construído o piscinão da Praça da Bandeira. O projeto todo está detalhado pela Prefeitura no vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=YLCss3R-AS8 

O brasileiro já aprendeu o que é uma área de risco, só na cidade do Rio, segundo a Prefeitura aponta em seu site que mapeou as áreas que totalizam 117 com 21 mil residências. Usando dados do Instituto Pereira Passos, em média 2,59 pessoas vivem em cada residência na cidade. Logo, são aproximadamente 63 mil pessoas vivendo em áreas de risco.  Ainda assim imagino que este número de áreas de risco possa ser maior, pois temos 327 morros ou montanhas na cidade – que tem uma média de 400m de altitude – além de 200 cursos d´água. Nossa região é composta por três grandes Maciços tendo áreas alagáveis e lagoas ao seu redor, Maciços da Tijuca, da Pedra Branca e de Gericinó-Mendanha.  Nossos 200 cursos d´água fazem as águas das montanhas escoarem para o mar, só na Bacia Hidrográfica do Canal do Mangue temos 29 rios, dos quais os maiores são: o Rio Maracanã com 10Km de extensão que nasce no Alto da Boa Vista e o Rio Comprido com 4Km de extensão que nasce no Sumaré, ambos terminam na Baía de Guanabara através do Canal do Mangue.

Bacia Hidrográfica do Canal do Mangue

Na cidade do Rio de Janeiro temos 818 favelas, das quais 30 com UPPs. É importante ter a UPP para nos permitir e facilitar a implantação de um posto avançado de Defesa Civil nas comunidades, que a atual administração está batizando de Unidades de Proteção Civil (UPC’s) . O Estado prevê ainda a criação do Centro de Monitoramento e Alerta para Desastres Naturais nas regiões mais afetadas por chuvas, com a contratação de profissionais treinados (meteorologistas, engenheiros, etc.) para apoiar a Defesa Civil.

Tenho que ressaltar que, as cidades do Rio e da Região Serrana são compostas e foram costruídas em áreas de risco. Deveríamos retirar todos da área de risco e deixar a natureza agir como sempre fez, porém isso é impossível, uma utopia, não há como remover e assentar toda uma cidade!  É fisicamente e financeiramente impossível. Nossa saída são respostas pontuais e paleativas. Como por exemplo, a criação de Nudecs (Núcleo Descentralizado de Defesa Civil) nas áreas de risco e o treinamento da população residente de como agir e o que fazer. É assim no México, no Chile e no Japão, por exemplo, quando respondem a terremotos. Precisamos salvar as vidas e ter resposta rápida nas tragédias.

Enfim, quando percebermos uma tragédia anunciada de enchentes, deslizamentos e suas consequentes vítimas, devemos pensar em quais são nossas reais prioridades. Com 10% do Porto Maravilha nós colocamos Sistemas de Alerta em todas as áreas de risco da cidade, e ainda sobra muito para os postos avançados de Defesa Civil e eventuais obras de contenção de encostas.

Mas não é só o governo que precisa agir e priorizar. As pessoas precisam saber que não podem construir em áreas de risco, e muito menos ampliar o peso das casas já construídas com seus famosos puxadinhos, não podem tampouco desmatar matas ciliares e construir nas margens de rios (em até 30 metros). E ainda não podem poluir e jogar lixo nas encostas e rios, pois a natureza vai devolver tudo um dia.

Mais no G1, no link:  http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2013/01/ideal-seria-retirar-todos-das-areas-de-risco-mas-e-utopia-diz-especialista.html

Ou na Globonews em: 

http://g1.globo.com/globo-news/jornal-globo-news/videos/t/todos-os-videos/v/verao-e-marcado-por-calor-intenso-e-fortes-chuvas/2339612/

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Conhecer o gás GLP ajuda a explicar os acidentes e evitá-los:

Você já imaginou se seu desodorante de spray explodisse quando você estivesse usando? Sabia que dentro dele há gases butano e propano, os mesmos utilizados nos botijões de cozinha? Não acredita? Então leia o rótulo de ingredientes do seu desodorante (se for spray é claro). O Propano e Butano são usados para expulsar o produto (perfume) do tubo causando o spray. Pois é, mas não se preocupe que seu desodorante não vai explodir, exceto se você jogar o tubo em uma fogueira. Ou seja, o uso correto do desodorante e do botijão de gás é fundamental para se evitar acidentes.

Porque e como acontece uma explosão de gás?

Se você encher um balão de ar demasiadamente ele rompe e estoura. Porque a pressão foi superior a que o balão agüentava, pois a quantidade de ar que você colocou ao encher foi acima da capacidade prevista para o balão.

Em um vazamento de GLP o gás em seu estado gasoso preenche o ambiente (se não for ventilado e assim reter o gás), ao encontrar uma fonte de ignição (chama, fagulha, etc.) ele queima e imediatamente se expande causando a explosão em milésimos de segundos. Como conseqüência concomitante há um enorme deslocamento de ar destruindo tudo a sua volta. Quanto maior for a quantidade de gás e menor o confinamento do mesmo, maior será a pressão da explosão e do deslocamento de ar.

A queima do GLP chega a mais de 1.000° C se extinguindo em milésimos de segundos transformando-se em monóxido de carbono (CO). Esse fenômeno se chama FLASH, e mata todas as pessoas em contato com essa onda de calor.

Entendendo o Botijão de gás, quais os tipos, o que tem dentro:

Existem tipos diferentes de botijão em razão da capacidade de gás que carregam, conforme tabela abaixo:

Botijão

Volume de GLP

GLP Kg

Uso mais comum

Norma da Válvula

P-2 5,5 litros 2 kg Fogareiros, lampiões e maçaricos NBR 8614
P-5 12,0 litros 5 kg Uso doméstico para cozimento de alimentos e maçaricos NBR 8614
P-13 31,5 litros 13 kg Uso doméstico para cozimento de alimentos NBR 8614
P-20 48,0 litros 20 kg Exclusivo em empilhadeiras a GLP NBR 14536
P-45 108,0 litros 45 kg Doméstico e industrial (cozimento de alimentos, aquecimento, fundição, soldas, etc) NBR 13794

Dentro do Botijão tem GLP, que significa Gás Liquefeito de Petróleo, que são os gases derivados do refino do petróleo. Existem dois gases dominantes dentro do botijão, o Propano e o Butano. Ambos são mais pesados que o ar. Como assim? O ar pesa 1,293Kg/m³, o Butano pesa 2,709Kg/m³ e o Propano pesa 2,010Kg/m³ todos nas condições normais de temperatura e pressão.

[ Observação importante: O gás natural ao contrário é mais leve que o ar, pesa entre 700 gramas e 1Kg /m³. Isso explica que vazamentos de gás canalizado sobem e ficam retidos no teto, precisam de ventilação na parte mais elevada de onde se encontram. O gás de butijão (GLP), ao contrário, é mais pesado que o ar e seu vazamento fica preso em porões e sub-solos.]

O Propano é mais leve que o Butano e provoca aquela chama azul característica, por isso ele sai antes do Butijão e queima primeiro. O Butano é mais pesado e queima por último. Por transportar partículas que se depositam no fundo no botijão, sua chama é amarelada ou “suja”. Por isso, quando a chama do fogão começa a ficar amarela é sinal de que o gás está acabando.

Desfazendo mitos: Botijão de GLP não explode!

Para dar bastante gás no Botijão, o GLP é engarrafado no Botijão sob forte pressão, o que faz com que o gás se torne líquido. Mas essa pressão não faz o Botijão explodir? Não, porque o Botijão é feito de chapas de aço muito resistentes que agüentam 15 kgf/cm2, enquanto o GLP é colocado na pressão de aproximadamente 8Kgf/cm² suficientes para liquefazer o gás mas muito abaixo do que suporta o Botijão.

No botijão de gás de 13kg (Botijão de cozinha), cerca de 85% do gás está em estado líquido e 15% em estado gasoso. Por isso nunca se deve deitar o botijão de gás, pois se o gás em fase líquida for expelido (o GLP líquido não pode alcançar a válvula no topo do Botijão) poderá provocar acidentes muito sérios.

No caso do Restaurante Filé Carioca, vimos pelas imagens os Botijões sendo retirados pelos bombeiros intactos. O prédio destruiu mas o Botijão permaneceu inteiro. Ou seja, ele não explode. Apenas se houver um incêndio que aqueça o Botijão, o calor do ambiente ou das chamas aquecerá o gás dentro do Botijão aumentando a sua pressão interna. Com isso a válvula de segurança (que impede o Botijão de explodir) irá liberar o gás no ambiente alimentando o incêndio. Semelhante a válvula da panela de pressão. Em suma, Botijão não explode nem em um incêndio.

Entendendo os Vazamentos:

O GLP não tem cheiro, por isso um composto a base de enxofre (etil-mercaptana) é adicionado ao gás para revelar a sua presença caso haja vazamento. O GLP não é venenoso, mas é asfixiante. Por ser mais pesado que o ar, quando há vazamento de GLP num local fechado este vai se acumulando ao nível do chão e expulsa gradualmente o oxigênio do ambiente, causando asfixia em quem permanecer ali. Logo, Botijão com vazamento precisa ser removido para um local aberto.

Mas é importante saber que cada Botijão tem uma capacidade de vaporizar gás no ambiente! Ou seja, supondo todas as torneiras abertas de um forno e do fogão, se este estiver ligado a um Botijão de 13Kg, teremos o vazamento de 600 gramas de gás por hora. O P45 somente consegue expelir (vazando, aberto ou alimentando um fogão) 1Kg de gás por hora.

Botijão

Quantidade de Gás

Capacidade de vaporização a 20°C

P-2

2 kg

0,2 kg de gás por hora

P-5

5 kg

0,4 kg de gás por hora

P-13

13 kg

0,6 kg de gás por hora

P-45

45 kg

1,0 kg de gás por hora

Se o Botijão sua ou congela é por que estamos tentando retirar dele mais do que ele consegue entregar de gás por hora. E quanto mais ele sua ou congela, menos ele entrega de gás. Pois o gás precisa trocar calor para sair do estado líquido para gasoso.

Demanda de 2 Botijões P13 para operar.
Demanda de 2 Botijões P13 para operar.

Em suma, muita gente por ignorância não dimensiona adequadamente o Botijão às necessidades dos aparelhos (fornos e fogões) que a ele estão conectados. Com isso, o resultado de queima é insatisfatório, e o desperdício de gás é alto, fazendo com que os usuários desavisados ou “espertos” comecem com as suas gambiarras, deitando o Botijão, aquecendo a parede do Botijão, etc. A ignorância pelo uso correto está no início do dominó do acidente com gás e suas mortes.

Como verificar e o que fazer em casos de vazamentos:

Ao passar uma esponja com água e sabão sobre a conexão da borboleta do registro com a válvula do Botijão, você poderá observar a existência ou não de bolhas de ar na espuma. Outra forma é verificando a existência de chiado de escapamento ou a presença de cheiro característico (enxofre) do gás no ambiente. Nunca use fósforo ou qualquer tipo de chama para verificar se há vazamentos. Isso pode provocar graves acidentes.

Em caso de vazamento de gás como proceder? Abra portas e janelas para aumentar a ventilação;
Não ligue nem desligue qualquer equipamento elétrico ou interruptores evitando faíscas ou centelhas;
No caso de persistir o vazamento desatarraxe a rosca do regulador, e solicite a presença da Assistência Técnica do fabricante do Botijão.

Persistindo o vazamento, após desatarraxar a rosca, se possível, retirar imediatamente o botijão para fora da casa, colocando-o em local arejado, longe de fontes de ignição e calor. Alerte as pessoas próximas sobre o perigo e chame urgentemente a Assistência Técnica ou o Corpo de Bombeiros.
 

Aprendendo a lidar com Botijão de GLP:

Jamais deitar o Botijão, jamais aquecer ou colocar fogo sob o Botijão, jamais transportar o Botijão deitado ou em ambientes fechados. Observe e siga as instruções corretas de instalação, e sempre teste com sabão eventuais vazamentos de gás. Ao terminar de cozinhar sempre feche a válvula do Botijão.

 

Válvula do P45 é seguro fechá-la quando não estiver em uso.
Válvula do P45 é seguro fechá-la quando não estiver em uso.

Mangueiras:
A mangueira a ser usada deve ser aquela normatizada, feita de plástico (PVC) transparente, com uma tarja amarela onde estão gravados o prazo de validade (5 anos) e o código NBR-8613, uma garantia de que foi fabricado segundo padrões técnicos de segurança. Esta mangueira é a recomendação básica, porém, outra de melhor qualidade também pode ser utilizada, como por exemplo a mangueira de tramas de aço.

O comprimento máximo da mangueira é de 1,25 metros, conforme determina a norma NBR-8613. A mangueira não pode encostar no fogão, não pode ser aquecida, não devendo portanto passar por trás do fogão.

RISCO: Mangueira colada a forno em restaurante
RISCO: Mangueira colada a forno em restaurante

Válvulas reguladoras de gás:
O regulador de gás é popularmente conhecido, principalmente, pelas donas de casa, como click,peça que se usa para abrir e fechar a passagem do gás de cozinha e que conecta a mangueira ao Botijão.

O gás liquefeito de petróleo (GLP) é colocado sob alta pressão no Botijão e considerando que o gás está sob alta pressão, o regulador é fundamental para reduzir a pressão da chama em até 250 vezes, possibilitando uma chama constante e uniforme.

O regulador de pressão para Botijões de até 13Kg é normatizado pela NBR 8614, já o P45 exige um regulador mais potente sendo normatizado pela NBR 13794. Portanto, jamais aproveite instalações antes usadas no P13 para o P45, este é um erro muito comum.

Regulador de pressão do P 13
Regulador de pressão do P 13