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Acidentes de Trânsito

Queda de ônibus do viaduto mata 7 e fere 15 no Rio de Janeiro

No dia 2 de abril de 2013, um ônibus da Viação Paranapuã, do Consórcio Internorte, que fazia a linha 328, Bananal-Castelo, caiu – de uma altura de dez metros – do Viaduto Brigadeiro Trompowski na pista lateral da Avenida Brasil, na altura da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, por volta das 16h30, deixando 15 feridos (11 levados aos hospitais)  e 7 mortos.

Foto do site G1

Depreende-se das fotos que os pneus do ônibus estão em bom estado, além disso, segundo notícia do Jornal Nacional, o ônibus  (fabricado em 2007) estava com a vistoria em dia. Portanto, a probabilidade de ter havido uma falha mecânica é menor.

Pela destruição da grade e pelas fotos do trajeto, nota-se que a velocidade devia ser razoável e que o ônibus saiu na tangente da curva do viaduto.  Há ainda um complicador a ser analisado: um passageiro, e que saltou um ponto antes do local do acidente, disse que o motorista estava discutindo com um homem que pulou a roleta.

Enfim, é necessário aguardar as investigações e análises dos peritos para elucidarmos esta questão.  A investigação dos motivos do acidente será relativamente fácil devido a quantidade de evidências e testemunhas. A perícia terá o próprio ônibus, seu tacógrafo, fotografias, a destruição da grade do viaduto, as marcas de pneu, e o filme da câmera (se houver) no interior do coletivo, além do relato das testemunhas para elucidar os motivos do acidente.

Foto do Site G1

Estatísticas de Acidentes de Trânsito:

Como fonte de dados para avaliarmos as estatísticas de acidentes de trânsito temos: Denatran, DPVAT, Ministério da Saúde (SUS), entre outras.  Segundo dados do DNIT, apenas 4,8% dos acidentes de trânsito em estradas federais no Estado do Rio de Janeiro é envolvendo coletivos.  Já 5,6% dos acidentes nas estradas fluminenses são envolvendo motos e 57,5% envolvem veículos de passeio. No entanto, os ônibus que rodam nas estradas são muito diferentes dos ônibus municipais em termos de manutenção, segurança, estresse dos motoristas, treinamento dos motoristas, etc.

Fonte DPVAT

 

Avaliando a estatística nacional do Seguro DPVAT nota-se que: o crescimento da frota de ônibus e micro-ônibus no Brasil, entre os anos de 2000 e 2010, foi de 87,5% e de 2005 a 2010 foi de 39,1%. Essa evolução é excelente e mostra um maior investimento em transporte público no país. Por outro lado demonstra a necessidade de investimento em prevenção de acidentes. O número total de óbitos de 2001 a 2010, considerando todos os tipos de acidentes, apresentou crescimento de 40% no período. No entanto, a despeito do aumento da frota e do aumento das vítimas, a quantidade de vítimas (fatais ou com invalidez) nos acidentes com ônibus tem reduzido no período de 2005 à 2010. E a estatística também aponta que a maioria das vítimas de acidentes com coletivos estão entre os pedestres.

Estatística DPVAT

Mas chama a atenção que a Seguradora Líder (um pool de companhias de seguros privadas que administram o consórcio público do seguro obrigatório – DPVAT), em 2012, publicou um relatório dizendo: “O trabalho dos motoristas profissionais no Brasil é caracterizado por jornadas excessivas com cumprimento de horário cada vez mais exigente, trânsito mais complicado, com engarrafamentos rotineiros e violência urbana, elevando o nível de estresse e desgaste físico e, consequentemente, resultando no aumento do número de acidentes envolvendo veículos coletivos.”

Segundo o IPEA, em uma apresentação no Congresso Internacional de Trânsito, em julho de 2012, o custo anual com acidentes de trânsito é de R$ 40 bilhões. E comparando as vítimas de acidentes de trânsito, com dados de 2008, o Brasil tem 30,1 mortes no trânsito para cada 100 mil habitantes, enquanto os EUA – com uma frota  de aproximadamente 246 milhões contra 40 milhões no Brasil – tem 12,5 mortos no trânsito por 100 mil habitantes.  Portanto, proporcionalmente à população, o trânsito brasileiro mata 2,5 vezes mais do que nos Estados Unidos, e 3,7 vezes mais do que na União Européia. Se considerarmos a frota essa proporção piora muito. Em suma, temos muito que melhorar para reduzir esse risco.

No que diz respeito à Prefeitura da cidade, podemos afirmar que – diferentemente do tratamento no caso do atirador de Realengo – desta vez está de parabéns. O resgate das vítimas através de helicópteros com o fechamento das vias e sua distribuição nos hospitais foi muito bem feita. A perícia e a liberação da via também ocorreram em tempo recorde demonstrando uma boa gestão de crise do órgão público. 

Já não se pode dar uma nota boa na prevenção de acidentes em coletivos, não entendo por que não exigir cintos de segurança em ônibus, nem um treinamento mais rígido dos motoristas (com punição da perda da carteira profissional, quando estes se envolverem com muitos acidentes) ou até o controle da velocidade máxima dos coletivos (não estou falando do tacógrafo, mas do limite mecânico impedindo de acelerar muito).

Por Gustavo Cunha Mello

Prof. Gustavo Cunha Mello, Economista, com MBA em Gerenciamento de Riscos pela COPPE-UFRJ, Pós Graduação em Engenharia de Planejamento pela COPPE-UFRJ e Mestrado em Engenharia de Produção – Sistemas de Gestão pelo Latec-UFF. Gerente de Riscos, Corretor de Seguros, Perito Judicial e Investigador de Acidentes. Professor desde 2000 da Escola Nacional de Seguros – Funenseg – nos cursos técnicos e no MBA de seguros. Também é professor da UFF e do IBMEC nos MBAs de gerenciamento de riscos e gestão de projetos (PMBOK). Membro de Comitês na ABNT. Trabalha há 30 anos no setor de seguros e na consultoria de gerenciamento de riscos. Tendo concluído diversos cursos de seguros e análise de riscos no Brasil e no exterior através do AICPCU/IAA - American Institute for Chartered Property Casualty Underwriters and the Insurance Institute of America - Malvern - Pennsylvania, bem como cursos de Resseguros executados no Lloyds de Londres pelo CII – Chartered Insurance Institute. É articulista de diversas mídias especializadas em seguros e gerenciamento de riscos, bem como da Globonews e Bandnews na área de gerenciamento de riscos.