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Construção Civil

ACIDENTE DO RODOANEL NA SEXTA FEIRA 13 E RISCOS DE ENGENHARIA.

Por volta das 21h da noite de sexta-feira (13 de novembro), ocorreu o desabamento de três vigas, instaladas há apenas 4 dias, das obras do Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas, na altura do km 279, em Embu, na Grande São Paulo.

[photopress:acidente_rodoanel_SP_13_11_09.jpg,full,centered] Fonte: G1

A Rodovia Régis Bittencourt, que liga a capital paulista ao Sul do país. As estruturas ficavam no vão central de um viaduto de 680 metros que passa por cima da rodovia. As estruturas de concreto de 40 metros e 85 toneladas cederam, atingiram um caminhão e dois carros e feriram três pessoas. Segundo testemunhas “em menos de 10 minutos o resgate já estava no local”, fato que certamente fez diferença significativa para salvar estas vítimas.

Todas as empreiteiras, contratadas pelo poder público, são obrigadas por edital de licitação a contratar uma série de seguros. Entre os quais garantia para responsabilidade civil perante danos a terceiros, garantia para responsabilidade civil de empregador protegendo funcionários da obra, garantia de performance de entrega da obra no prazo combinado, entre outros.

O seguro de risco de engenharia garante o reembolso de despesas para reconstruir uma parte da obra que já estava pronta e teve que ser refeita por motivo de um acidente. Também garante prejuízos causados por este acidente, tais como danos a máquinas e equipamentos dos empreiteiros. Além disso, tem a cobertura para danos a terceiros que se aplica neste caso do acidente do rodoanel.

Um exemplo foi a obra do metrô de São Paulo, que cedeu e criou uma enorme cratera. O acidente ocorrido no dia 12 de janeiro de 2007, nas obras de expansão da linha 4 do Metrô de São Paulo, possuía cobertura através de seguro de riscos de engenharia, contratada em 2005 junto à Unibanco AIG. A apólice, com valor segurado de R$ 1,3 bilhão e vigência até 31 de janeiro de 2010, foi a maior do tipo já assinada no Brasil e apresentou o recorde de indenização.

Analisando o que pode ter havido neste caso, temos as seguintes hipóteses:

1) Erro de projeto pelo cálculo do comprimento das vigas em relação a inclinação da plataforma onde as mesmas foram colocadas;

[photopress:RODOANEL_UOL.jpg,full,centered] Fonte:UOL

2) Erro na qualidade do material utilizado nas vigas, qualidade do aço e ferro empregado, a exemplo do acidente no Elevado Paulo de Frontin – Rio de Janeiro – em 1971. Essa é a possibilidade mais fraca de todas, pois as vigas, conforme se observa nas fotos, desabaram inteiras;

[photopress:ACIDENTE_RODOANEL_2.jpg,full,centered] Fonte:G1

3) Erro na execução pela má fixação dessas vigas às plataformas. Fazendo com que se deslocassem lateralmente – por ações meteorológicas, pelo peso das mesmas e pela inclinação da plataforma – vindo a desabar;

[photopress:ACIDENTE_RODOANEL_SP_3.jpg,full,centered] Fonte:G1

4) Movimentação do terreno. Essa possibilidade não isenta um erro dos engenheiros e geólogos em seu projeto, pois a análise desta acomodação de terreno deve ser considerada em seus cálculos.

Podemos aprender com acidentes anteriores para evitar a sua repetição no futuro. Novas tecnologias e métodos usados em obras precisam de atenção redobrada de seus gestores. O caso do acidente no Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro, pode ser lembrado no Blog “Saudades do Rio – Luiz Darcy” no link: http://fotolog.terra.com.br/luizd:215 .

Ao meio-dia do dia 20 de novembro de 1971, 122 metros do Elevado da Avenida Paulo de Frontin que estava em construção desabou, matando 28 pessoas e ferindo outras 30, além de esmagar 17 automóveis, três táxis, um caminhão e um ônibus.

A tragédia ocorreu quando um caminhão-betoneira, com oito toneladas de cimento e pedra, passava sobre o elevado em construção na altura do cruzamento com a Rua Haddock Lobo. Com o bloqueio da Rua Haddock Lobo e o fechamento parcial do Túnel Rebouças, um enorme congestionamento paralisou a cidade.

[photopress:PAULO_DE_FRONTIN_1971.jpg,full,centered] Fonte: Blog “Saudades do Rio – Luiz Darcy”

O inquérito sobre os culpados se arrastou por anos, não se concluindo se foi erro de cálculo ou de construção. Ninguém foi responsabilizado. O calculista ficou tão perturbado emocionalmente que ficou vários anos sob forte tratamento psiquiátrico.

Engenheiros que conheciam a obra, e comentaram no citado Blog, disseram que o viaduto usava uma nova tecnologia de concreto, onde cabos de aço mantêm a estrutura rígida, no entanto houve uma ruptura desses cabos causando o deslocamento das “badejas” de seu apoio nos pilares, e por fim o desabamento das mesmas em direção à rua, provocando a tragédia.

Neste acidente de ontem, em São Paulo, podemos incluir como fatores contribuintes – sempre são diversos fatores que constróem um acidente – o terreno, a meteorologia, erros de projeto ou de execução. Acusar apenas as ” fortes chuvas”, como virou moda atribuir para todos os nossos erros (apagão aéreo, apagão elétrico, etc.), é uma miopia que não contribui para evitarmos futuros eventos e suas respectivas vítimas.