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Uma análise do acidente com o vôo 447 da Air France, o que não aconteceu…

Há poucas informações e evidências, mas podemos “especular” as causas mais prováveis, e conseqüentemente as menos prováveis, para a perda da aeronave em vôo controlado. Embora sejam poucas, as evidências analisadas até o momento e história de outros acidentes e incidentes, inclusive com a mesma aeronave A-330, é possível ter a seguinte leitura:
O que não aconteceu:
1) Atentado a Bomba ou Terrorismo: uma vez que não houve reclamação pela autoria do atentado, bem como na análise histórica não se depreende qualquer atentado à bomba ou terrorismo na aviação brasileira, salvo um único caso reprimido da Vasp. Some-se a isso a enorme dificuldade de se burlar a segurança do Aeroporto Internacional Tom Jobim.
2) A Colisão com outra aeronave: pelo fato de não haver outro avião desaparecido, bem como das panes reportadas pelo A330 da Air France. Uma colisão isolada não seria precedida de inúmeras panes e reportes de problemas com o Vôo 447.
3) A explosão da Aeronave: o mais recente e raro caso de explosão em uma aeronave ocorreu com um Boeing 747 da TWA, fabricado em 1971, num vôo de New York (JFK) para Paris em 1986. Se deu por um filamento elétrico sem proteção ter contato com vapores do tanque de querosene central da asa do avião. Supondo a ausência desta ocorrência em aeronaves Airbus através de análise histórica, bem como pelo avião ser muito novo (fabricado em 2005) descarto esta hipótese.
4) A perda de ambos os motores: também é uma possibilidade a ser averiguada neste caso, porém o piloto teria reportado emergência e tentaria o pouso na água. A aeronave estava adequadamente abastecida no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, e na análise histórica verifica-se que é muito raro perder ambos os motores em vôo num avião novo e recentemente revisado. Além desta hipótese não combinar com os reportes do ACARS (sistema de monitoramento em tempo real).
5) A simples pane mecânica em todos os sensores: de altitude, de velocidade, vôo em rota por rádio, GPWS, etc. Lembrando que todos possuem redundância e com sistemas alternativos backup´s (ex. radio e GPWS), por isso também descarto esta possibilidade.

Por Gustavo Cunha Mello

Prof. Gustavo Cunha Mello, Economista, com MBA em Gerenciamento de Riscos pela COPPE-UFRJ, Pós Graduação em Engenharia de Planejamento pela COPPE-UFRJ e Mestrado em Engenharia de Produção – Sistemas de Gestão pelo Latec-UFF. Gerente de Riscos, Corretor de Seguros, Perito Judicial e Investigador de Acidentes. Professor desde 2000 da Escola Nacional de Seguros – Funenseg – nos cursos técnicos e no MBA de seguros. Também é professor da UFF e do IBMEC nos MBAs de gerenciamento de riscos e gestão de projetos (PMBOK). Membro de Comitês na ABNT. Trabalha há 30 anos no setor de seguros e na consultoria de gerenciamento de riscos. Tendo concluído diversos cursos de seguros e análise de riscos no Brasil e no exterior através do AICPCU/IAA - American Institute for Chartered Property Casualty Underwriters and the Insurance Institute of America - Malvern - Pennsylvania, bem como cursos de Resseguros executados no Lloyds de Londres pelo CII – Chartered Insurance Institute. É articulista de diversas mídias especializadas em seguros e gerenciamento de riscos, bem como da Globonews e Bandnews na área de gerenciamento de riscos.